Em show de desrespeito e antiprofissionalismo, rapper canadense cancelou apresentação no Lollapalooza no dia do evento.
Neste domingo (27/3), durante as repercussões do cancelamento do show de Drake no Lollapalooza, noticiado com exclusividade por este espaço, uma fala se destacou em meio aos shows no autódromo de Interlagos. Em meio a sua apresentação, o rapper brasileiro L7NNON disse em alto e bom som que os artistas brasileiros merecem mais valor. A opinião é clara e reflete a necessidade do público brasileiro e, principalmente, dos grandes festivais, de valorizar mais a música que é produzida aqui.
Não são poucos os relatos de artistas brasileiros que reclamam do tratamento que os grandes festivais, como Lollapalooza e Rock in Rio, oferecem a quem produz música brasileira. Por outro lado, são nesses mesmos eventos que os artistas internacionais são tratados como reis, tendo demandas absurdas atendidas e atrasos e shows de baixa qualidade tolerados.
Tirando a polêmica envolvendo a realização ou não do show de Justin Bieber, noticiada também por este espaço com exclusividade, os artistas internacionais, em geral, foram respeitosos e fizeram shows que agradaram o público. No entanto, quais shows acabaram sendo os mais marcantes? Os brasileiros. Ludmilla, Maria Rita, Racionais MC’s, Jão, entre outros, foram os que mais empolgaram a audiência. Mas, o mais importante, todos estavam gratos por estarem em cima do palco, gratos pelo público e gratos pelo poder que suas músicas têm de impactar a vida das pessoas.
O mesmo ocorreu com apresentações dos brasileiros no Lollapalooza deste ano, como foi o caso da própria Ludmilla, do já citado Rapper L7NNON, e de outros como Pedro Sampaio, Pitty e Paralamas do Sucesso. Claro que não podemos ignorar que são propostas de festivais diferentes, mas, em essência, as coisas se repetem: os brasileiros são usados para “encher” o lineup, recebem menos, se entregam mais e acabam, por muitas vezes, empolgando mais o público.
Evidentemente, a grande maioria dos artistas internacionais são respeitosos com o público brasileiros, mas não podemos ignorar que sempre priorizam repetir os mesmos repertórios de seus shows de turnê. E não há, necessariamente, um problema com isso, uma vez que, evidentemente, a rotina de shows feitos pelo mundo inteiro impedem esses artistas de buscar customizações voltadas aos brasileiros. Mas, vamos olhar do ponto de vista comercial, é justo os artistas internacionais ganharem mais que os brasileiros e receberem um tratamento diferenciado?
Se olharmos o TOP50 do Spotify Brasil na presente data, melhor termômetro para medir o que o público brasileiro tem mais ouvido ultimamente, nenhuma das 50 faixas mais executadas pertencem a artistas internacionais. É a prova viva de que os brasileiros escutam música brasileira. É claro que este espaço entende que a proposta do Rock in Rio e do Lollapalooza é atrair grandes estrelas internacionais para o país. No entanto, por que a presença desses é tão supervalorizada, mesmo sabendo que nossos artistas têm um impacto maior perante o grande público?
Não é só o cancelamento de Drake que deveria acender os alertas dos contratantes. Ao longo das últimas semanas, muitos artistas cancelaram suas apresentações no festival, como o caso de Willow e Blink-182. O desrespeito desses artistas, e o sucesso dos brasileiros nos grandes festivais é a prova clara que uma mudança de mentalidade por parte dos organizadores desses eventos é necessária: é preciso abandonar o “complexo de vira-lata” e entender que os brasileiros são tão ou mais capazes de levantar os públicos desses eventos.